Para Você, Para Sempre

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Para Você, Para Sempre
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P A R A V O C Ê, P A R A S E M P R E

(A POUSADA EM SUNSET HARBOR — LIVRO 7)

S O P H I E L O V E

Sophie Love

A escritora de best-sellers Sophie Love apresenta sua série de comédia romântica A POUSADA EM SUNSET HARBOR, composta por oito livros (e mais um será lançado em breve), e que começa com AGORA E PARA SEMPRE (A POUSADA EM SUNSET HARBOR — LIVRO 1).

Sopie Love também acaba de lançar uma nova série de livros, CRÔNICAS ROMÂNTICAS, que começa com AMOR COMO ESTE (LIVRO 1).

Sophie adora ouvir seus leitores, então, visite www.sophieloveauthor.com se quiser enviar-lhe um e-mail, receber eBooks de graça, saber das novidades e manter contato!

Copyright © 201 por Sophie Love. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pelo Ato de Direitos Autorais dos EUA, publicado em 1976, nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida em qualquer formato ou por qualquer meio, ou armazenada num banco de dados ou sistema de recuperação, sem permissão prévia da autora. Este eBook está licenciado apenas para uso pessoal. Este eBook não pode ser revendido ou doado a outras pesoas. Se você quiser compartilhar este eBook com outra pessoa, por favor, compre uma cópia adicional para cada indivíduo. Se você está lendo este livro sem tê-lo comprado, ou se não foi adquirido apenas para seu uso, por favor, devolva-o e compre seu próprio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes são produto da imaginação da autora ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Foto da capa: Ioana Catalina E, todos os direitos reservados. Usada sob licença da Shutterstock.com.

LIVROS DE SOPHIE LOVE

A POUSADA EM SUNSET HARBOR

AGORA E PARA SEMPRE (Livro 1)

PARA TODO O SEMPRE (Livro 2)

PARA SEMPRE, COM VOCÊ (Livro 3)

QUEM DERA, PARA SEMPRE (Livro 4)

PARA SEMPRE E UM DIA (Livro 5)

PARA SEMPRE, MAIS UM (Livro 6)

PARA VOCÊ, PARA SEMPRE (Livro 7)

PARA SEMPRE NATAL (Livro 8)

CRÔNICAS ROMÂNTICAS

AMOR COMO ESTE (Livro 1)

AMOR COMO AQUELE (Livro 2)

AMOR COMO O NOSSO (Livro 3)

ÍNDICE

CAPÍTULO UM

CAPÍTULO DOIS

CAPÍTULO TRÊS

CAPÍTULO QUATRO

CAPÍTULO CINCO

CAPÍTULO SEIS

CAPÍTULO SETE

CAPÍTULO OITO

CAPÍTULO NOVE

CAPÍTULO DEZ

CAPÍTULO ONZE

CAPÍTULO DOZE

CAPÍTULO TREZE

CAPÍTULO CATORZE

CAPÍTULO QUINZE

CAPÍTULO DEZESSEIS

CAPÍTULO DEZESSETE

CAPÍTULO DEZOITO

CAPÍTULO DEZENOVE

CAPÍTULO VINTE

CAPÍTULO VINTE E UM

CAPÍTULO VINTE E UM

CAPÍTULO VINTE E TRÊS

CAPÍTULO VINTE E QUATRO

CAPÍTULO VINTE E CINCO

CAPÍTULO VINTE E SEIS

CAPÍTULO VINTE E SETE

CAPÍTULO VINTE E OITO

CAPÍTULO VINTE E NOVE

EPÍLOGO

CAPÍTULO UM

No quarto do bebê, as janelas estavam bem abertas e as cortinas de renda ondulavam ao vento. Emily dobrava as roupinhas, colocando-as cuidadosamente na cômoda. Ela suspirou, satisfeita. O tempo bom, excepcionalmente quente para o período, logo após o Dia do Trabalho, era muito bem-vindo.

Um pouco cansada, Emily se sentou na poltrona de amamentação e pôs uma mão protetora em sua barriga. A bebê Charlotte estava se mexendo.

"Você gosta do verão indiano?" Emily perguntou. "Ter 32°C nesta época do ano não é normal. Você terá que se acostumar com o frio em algum momento".

O parto estava previsto para dezembro, no final do inverno, daqui a apenas três meses. Emily mal podia acreditar na rapidez da gestação e em como o tempo tinha passado rápido. As altas temperaturas que eles estavam desfrutando no momento faziam o inverno parecer muito distante, e Emily queria manter as coisas assim. Porque, a cada nova estação, ela pensava em seu pai, no fato de que seria a última vez que ele passaria por aquela estação em particular.

Ela tentou ao máximo afastar a doença terminal dele dos seus pensamentos. Toda vez que falava com o pai — ou seja, todo dia — ele não mencionava a doença, em vez disso, contava todas as atividades divertidas que tinha planejado. E as cartas estavam começando a se acumular agora. Eles prometeram escrever um ao outro a quantidade de correspondência de uma vida inteira. Roy não estava se lamuriando sobre a morte iminente, então Emily também não iria.

A porta se abriu e Chantelle entrou graciosamente no quarto. Ela estava carregando um pacote de fraldas.

"Onde coloco isto?" ela perguntou.

"No trocador, por favor", disse Emily, sorrindo para sua doce filha.

Ela e Daniel estavam fazendo de tudo para que Chantelle se sentisse incluída no processo. No momento, isso consistia em deixá-la comprar um item prático de sua escolha no mercado, toda vez que a família ia fazer compras. Hoje, foram fraldas. Ontem, chupetas. Ela também comprou mamadeiras, paninhos para fazer o bebê arrotar, mordedores e um chocalho. Emily amava a maneira como Chantelle se comprometeu com sua tarefa. A menina levou aquilo muito a sério.

Chantelle foi até o trocador e largou as fraldas. Então, se virou e encarou Emily.

"Já tivemos alguma notícia?" perguntou.

Emily sabia que Chantelle se referia à ilha que ela e Daniel queriam comprar, e para a qual já haviam feito uma oferta. Ela perguntava todos os dias.

Emily verificou seu celular pela milionésima vez. Não havia ligações perdidas ou mensagens do corretor imobiliário.

Olhou para Chantelle e balançou a cabeça. "Ainda não".

Chantelle pareceu desapontada. "Quando vamos descobrir?" insistiu. "Será antes de Charlotte nascer?"

Emily deu de ombros. "Eu não sei, querida". Ela acariciou o cabelo loiro e macio da menina. "Você sabe que talvez não seja possível comprarmos a ilha, certo?" ela estava preparando Chantelle para o pior desde o começo, mas a menininha tinha uma tendência a se deixar levar pela animação, às vezes. Ela falava sobre a ilha como se fosse algo já conquistado, conversando sobre o quanto seria legal quando pudessem ir brincar lá, ou quão bonita ela ficaria assim que Daniel terminasse o trabalho de construção do chalé.

"Eu sei", disse Chantelle, um pouco triste.

Emily deu um grande sorriso, então, vendo que a criança precisava se animar. "Venha, vamos descer para almoçar".

Chantelle assentiu e pegou a mão dela. Elas desceram as escadas.

Para a alegria de Emily, Amy estava sentada na ilha da cozinha. Ela estava em Sunset Harbor há semanas, morando com seu novo namorado, Harry, experimentando a familiaridade da vida a dois. Emily adorava tê-la por perto, e Amy certamente estava aproveitando ao máximo quando ela tinha tempo entre as teleconferências e a gestão remota de sua empresa. Ela estava tomando café e conversando com Daniel, que estava ocupado guardando o último item das compras feitas no mercado. Ele beijou Emily quando ela entrou.

"Oi, minha esposa linda", ele murmurou, fixando um de seus intensos olhares de amor sobre ela.

Emily sorriu e acariciou com o dedo a linha firme do queixo dele. Ela murmurou: "Ei".

Então, Amy pigarreou. Emily tirou os olhos de Daniel e olhou por cima do ombro.

"Oi, Ames", ela falou, revirando os olhos, brincalhona.

Ainda parecia estranho para Emily ter Amy tão prontamente acessível. Sua mudança temporária para Sunset Harbor foi maravilhosa para as duas, trazendo de volta a amizade fácil que tinham compartilhado antes que Emily desaparecesse de Nova York sem avisar. E as habilidades organizacionais de Amy seriam certamente úteis quando se tratava de planejar a logística do nascimento de Charlotte.

 

"Eu não sabia que você viria hoje", disse Emily para a amiga.

"Acabei de falar com Dan sobre o checklist", Amy respondeu.

Emily se sentou em frente a ela, franzindo a testa, curiosa. "Que checklist?"

"Das coisas do bebê", Amy falou, em um tom que sugeriu que aquilo deveria ser óbvio. "Você precisa da sua bolsa de maternidade pronta para o hospital, um plano de como chegar lá, onde estacionar, para quem ligar. Nós escrevemos uma hierarquia de comunicação, onde Dan me liga e eu sou responsável por ligar para Harry, Jayne, sua mãe e Lois. Harry fica encarregado de avisar aos moradores de Sunset Harbor, Lois conta para o resto da equipe da pousada, etc. Sinceramente, Emily, estou chocada por você ainda não ter resolvido essas coisas".

Emily riu. "Em minha defesa, o parto só será daqui a três meses!"

"Você tem que estar preparada", disse Amy, com conhecimento de causa. "Se Charlotte sentir vontade de vir amanhã, essa é uma possibilidade muito real".

Chantelle arregalou os olhos. "Ela poderia nascer amanhã?" a menina perguntou, parecendo emocionada com a perspectiva. "Eu poderia ter uma irmã amanhã?"

Emily pôs a mão na barriga protetoramente, uma preocupação incômoda crescendo no fundo de sua mente. "Espero que não".

Daniel veio e sentou-se ao lado delas. "Não dê a Emily cenários de pesadelo com que se preocupar", disse ele a Amy. "E também não dê esperanças a Chantelle. Ela está desesperada para conhecer sua irmãzinha". Ele se virou para Chantelle. "Charlotte vai ficar na barriga da mamãe até dezembro. Há apenas uma chance muito pequena dela vir mais cedo do que isso".

"Então, você quer dizer que ela poderia vir no meu aniversário?" Chantelle perguntou, sorrindo de orelha a orelha com a perspectiva.

Daniel riu e sacudiu a cabeça. "Halloween e dois aniversários?" brincou ele. "Melhor não!"

"Isso tornaria a data fácil de lembrar", disse Amy, com uma risada.

Então, a campainha tocou.

"Eu atendo", disse Emily, querendo uma distração do pensamento de Charlotte nascer prematura.

No foyer, a pousada estava muito agitada. A movimentada temporada de verão acabou, mas sempre havia muito para organizar, especialmente agora que, na sala de jantar, eram servidas três refeições por dia, e o bar funcionava todas as noites. Quando o restaurante e o spa abrissem, nunca teriam um momento de paz, pensou Emily.

Ela passou apressada por Lois e Marnie, que estavam ocupadas na recepção, e abriu a porta. Um cavalheiro elegantemente vestido havia tocado a campainha. Ele parecia ter cerca de cinquenta anos de idade, com cabelos grisalhos e algumas rugas no canto dos olhos.

"Paul Knowlson", ele falou, confiante, estendendo a mão para Emily, como se tivesse vindo para uma reunião de negócios.

Ela apertou a mão dele. "Sinto muito, Paul, acho que não conheço você", disse ela.

"Eu reservei um apartamento", disse ele, tirando um pedaço de papel do bolso interno da jaqueta. "Na Casa de Trevor", disse ele, lendo-o.

"Ah!" Emily exclamou. Ele era seu primeiro hóspede dos novos apartamentos! "Fica na casa do outro lado do gramado", disse ela. "Venha, vou mostrar o caminho".

"Fantástico", respondeu Paul.

Emily levou-o pelos gramados. Ela sentiu uma onda de emoção, sabendo que esta seria a primeira vez que muitas pessoas fariam aquele trajeto. Era maravilhoso ver todo o seu trabalho duro na Casa de Trevor se concretizar, e saber que o presente que ele deixara estava sendo utilizado em vez de ser deixado ao abandono.

"Acho que ouvi um traço do sotaque de Nova York", disse Paul enquanto caminhavam. "Você é de lá?"

"Isso mesmo", Emily respondeu, sorrindo. "Nascida e criada. Você conhece bem a cidade?"

Paul assentiu. "Sim, eu cresci lá. Mas agora moro na Flórida".

"E você trabalha como executivo?" ela acrescentou.

Paul riu, fazendo um gesto para o seu terno de aparência cara. "Como você descobriu?"

Eles chegaram à Casa de Trevor e Emily o levou para dentro. A área principal do andar de baixo estava agora completamente aberta, com apenas uma divisória de vidro entre o novíssimo restaurante e o caminho até a escada que levava aos apartamentos. O restaurante ainda não tinha aberto as portas, mas não demoraria muito até que isso acontecesse, Emily pensou, animada.

"Seu apartamento é o de número quatro", disse Emily, apontando para as escadas. "Tem uma linda varanda com vista para o mar".

"Parece perfeito", respondeu Paul.

Emily conduziu-o escada acima até o mezanino, depois apontou para um portão de ferro forjado de estilo parisiense com uma placa com letras douradas em que se lia Apenas para Hóspedes. Mostrou-lhe a chave grande que abria o portão, depois seguiram pelo corredor e pararam do lado de fora do apartamento Quatro.

Emily lembrou-se da empolgação que sentiu na primeira vez em que viu os novos apartamentos. Eles foram magistralmente projetados pelos trigêmeos da Erik & Filhos. Ela esperava que Paul ficasse tão impressionado ao ver o apartamento quanto ela.

Ela destrancou a porta e abriu-a, fazendo um gesto para Paul entrar.

"É fantástico", disse Paul, com um aceno de cabeça.

Ele parecia ser um homem bom, mas Emily teve uma impressão de que ele tinha uma perspicácia afiada para os negócios. Era a mesma qualidade de Amy, uma habilidade quase falciforme de farejar dinheiro e qualidade, avaliar o ambiente e fazer um julgamento instantâneo. Era um grande elogio que alguém assim quisesse se hospedar em sua humilde pousada!

Emily entregou-lhe a chave. "No momento, as refeições são servidas na casa principal", explicou ela. "Então, por favor, junte-se a nós sempre que desejar. O restaurante no andar de baixo ainda não está aberto, então, tudo ficará muito tranquilo".

Eles se despediram e Emily voltou para a casa principal. Ela encontrou Lois no foyer.

"Eu esqueci que já temos um hóspede na Casa de Trevor", disse ela. "Tudo está preparado para ele? Roupa de cama limpa, roupão de banho, cápsulas de café para a máquina?"

Lois assentiu, séria. "Sim", ela disse, soando um pouco ofendida pela insinuação de que poderia ter esquecido alguma coisa.

Emily corou. "Desculpe, claro que você preparou tudo".

Nem sempre era fácil para Emily lembrar que Lois não era mais a garota distraída e excessivamente emocional que ela já foi. Ela realmente floresceu recentemente, provavelmente em parte devido a sua promoção e aumento de salário, e Emily sabia que podia confiar nela para administar perfeitamente a pousada. Ela se saía bem ao lidar com os fornecedores e fazer pedidos de produtos e mercadorias. De fato, percebeu Emily, ela provavelmente poderia viajar para o exterior por um mês e confiar a pousada às mãos capazes de Lois; algo que ela nunca pensou ser possível!

Emily voltou para a cozinha. Daniel, Amy e Chantelle ainda estavam sentados ao redor da mesa, conversando animadamente. Sem dúvida, Amy estava usando seu cérebro de negócios para forçar Daniel a planejar o nascimento de Charlotte nos mínimos detalhes, empregando o tipo de precisão organizada raramente vista quando se trata de bebês.

"Aí está ela". Daniel sorriu quando a viu entrar. "Eu tenho novidades".

"Sério?" Emily disse, sentando-se. "Mas eu só saí por um minuto".

"Jack ligou", disse Daniel, referindo-se ao seu chefe na oficina de carpintaria, onde ele trabalhava desde o ano passado.

"Foi? E o que ele disse?" Emily perguntou, curiosa.

"É a dor nas costas novamente", disse Daniel. Jack havia sofrido uma distensão há pouco tempo e teve que tirar uma folga. "Você sabe como ele tem problemas com isso. Bem, sua esposa finalmente conseguiu convencê-lo a reduzir suas horas no trabalho. Ela herdou algum dinheiro e quer que eles tenham uma aposentadoria antecipada, viajem pelo Caribe, esse tipo de coisa".

Emily franziu a testa. "Sua notícia emocionante é que Jack e sua esposa vão partir em um cruzeiro?"

Daniel riu. "Sim!"

"Eu não entendo", ela acrescentou, olhando com espanto para as expressões animadas de Chantelle e de Amy. "Qual é a graça? O que estou perdendo?"

Daniel continuou. "Pense nisso", ele encorajou-a. "Ele precisará de alguém para administrar a carpintaria em sua ausência. Alguém para cuidar da oficina".

Emily ofegou. "Quer dizer... você?"

Chantelle não conseguiu mais se conter. Ela exclamou, alegre: "O papai foi promovido!"

Emily colocou a mão sobre a boca. "Isso é incrível!" ela gritou. "Você merece".

Ela não podia acreditar na sorte e pulou do banquinho, indo para trás de Daniel e abraçando-o com força.

Daniel corou timidamente. Ele não aceitava elogios com facilidade.

"Ele vai me dar um aumento e um novo cargo. Mas isso vai significar mais horas de trabalho", ele adicionou, parecendo muito sério. "Preciso ser o primeiro a chegar e vou precisar ser o último lá à noite para fechar tudo corretamente. Há equipamentos e produtos caros na oficina e Jack nunca deixa outra pessoa trancá-la, então, é meio que uma grande responsabilidade ele passar as rédeas para mim. Como resultado, meus turnos terão um padrão muito estranho. Jack nunca se importou em ir e vir da marcenaria a qualquer momento, mas agora que vou ter que fazer o mesmo, terei que me adaptar".

Emily ainda não queria pensar em nenhuma das possíveis desvantagens da novidade. Turnos longos, responsabilidade extra relação à segurança e o inevitável estresse que causaria a Daniel eram coisas com as quais ela poderia lidar depois. Agora, queria manter a euforia causada pela boa notícia.

"Estou tão orgulhosa de você", disse ela, pressionando um beijo na coroa da cabeça do marido.

"Vocês deveriam fazer algo para comemorar", disse Amy, do outro lado da mesa.

"Com certeza", concordou Emily.

"Acho que devemos ir até a praia!" Chantelle sugeriu.

"Bem, enquanto o tempo está assim, eu não vejo por que não", disse Emily. "Nós não devemos desperdiçar um tempo tão bom".

Chantelle deu um soco no ar. Ela amava a praia, e atividades ao ar live em geral. Aceitava com prazer toda oportunidade de correr na natureza.

"Amy?" Emily perguntou. "Você vem conosco?"

Amy consultou o relógio. "Na verdade, eu preciso me encontrar com Harry em breve, então, não vou ter tempo".

Emily não podia ter certeza, mas pensou ter notado uma nuance na voz de sua amiga, uma espécie de nervosismo. Ela se perguntou se havia algum um problema entre ela e Harry.

Mas não tinha tempo para conversar agora. A família Morey estava em plena ação: Chantelle correndo em busca das coleiras dos cães, Daniel abrindo armários e pegando sacolas, suco de caixa e petiscos.

Emily tocou a mão de Amy. "Vamos conversar mais tarde", disse ela.

Amy assentiu, com uma expressão um pouco abatida. Então, Emily foi arrastada no caos de sua família, como um tornado girando em torno dela e puxando-a para dentro.

"Vamos! Para a praia!"

CAPÍTULO DOIS

A praia estava incrivelmente linda sob a luz do sol. Emily mal podia acreditar que estava tão ensolarado naquela época do ano, um clima quente e luminoso quanto em qualquer dia de verão.

Eles caminharam juntos, deixando ambos os cachorros sem coleira, para que pudessem correr livremente e latir para as ondas que quebravam na praia.

Quando encontraram um bom lugar para sentar, Daniel ajudou Emily a se acomodar na areia. Ela se sentou de pernas cruzadas, com a barriga de grávida aninhada confortavelmente dentro de suas pernas. Chantelle dava saltos, querendo aproveitar ao máximo o que parecia ser sua última chance de curtir a praia este ano.

Daniel pegou a mão de Emily e acariciou-a com ternura.

"Como você se sente sobre a minha promoção?" ele perguntou. "Está preocupada com as horas extras, que vão me manter longe de casa?"

"Bem, de quanto tempo estamos falando?" Emily perguntou. Ela estava pronta agora para saber mais sobre os detalhes, para considerar os desafios que eles podem ter que enfrentar.

"Jack abre a oficina às oito", começou ele. "Mas esse não é o problema. Estou acostumado a começar cedo e vai se encaixar na correria da escola. Minha maior preocupação é a marcenaria. Às vezes, recebemos um pedido grande e não temos muito tempo para fazê-lo. Antes, quando eu era apenas um funcionário, eu era um entre muitos e, no máximo, adicionaria uma ou duas horas extras a cada dia de trabalho. Nós podíamos compartilhar o fardo. Mas como vou ser o único a supervisionar o uso dos equipamentos e o único responsável pela garantia da qualidade, precisarei estar no local durante a produção de cada pedido, supervisionando tudo até a conclusão, como Jack costumava fazer. Você sabe que podem ser longas horas. Bem, agora não vou mais fazer parte do padrão de turnos. Eu ficarei encarregado disso e espero estar lá durante os períodos de maior movimento".

 

Quanto mais Daniel falava sobre o assunto, mais Emily podia sentir a ansiedade aumentar. A promoção veio num momento muito ruim. A ideia de Daniel não estar lá quando ela entrasse em trabalho de parto a preocupava. E a licença-paternidade? Será que ele conseguiria alguma coisa?

Mas, apesar da ansiedade, ela estava explodindo de felicidade por ele. Também estava extremamente orgulhosa de Daniel e não queria diminuir a alegria dele de forma alguma. Ele havia alcançado muita coisa desde que ela o conheceu. E, além disso, ela tinha Amy por perto para lhe dar apoio.

"Estou muito feliz por você", disse ela. "Você merece, depois de trabalhar tanto".

"Nós certamente poderíamos fazer muita coisa com o aumento", Daniel respondeu, tocando suavemente a barriga de Emily com a mão sobressalente. "Já que em breve teremos mais bocas para alimentar".

Emily sorriu e suspirou, satisfeita. Apesar das dificuldades que enfrentava, ainda estava ansiosa pelo futuro, para conhecer Charlotte.

Quando Daniel falou novamente, ele pareceu um pouco melancólico. "Mais responsabilidade significa mais estresse. Espero ainda ter energia suficiente para passar tempo com as crianças".

"Você vai se sair incrivelmente bem", Emily o encorajou. "Eu sei que vai".

Embora capaz de desempenhar o papel de "esposa que apoia" externamente, Emily ainda estava bastante ansiosa sobre a mudança no trabalho de Daniel. Ele tinha a tendência de deixar o estresse afetá-lo ou de se sentir sobrecarregado pelo que esperavam dele. Era algo que ela admirava nele. Mas também poderia ser em detrimento da família, porque às vezes parecia que ele colocaria quase tudo antes delas. Nem sempre era fácil para Emily lembrar a si mesma que o motivo pelo qual ele às vezes colocava outras coisas em primeiro lugar era para elas – para ela, Chantelle, a pousada e, é claro, para Charlotte.

"Eu me pergunto por que Jack não promoveu um dos outros funcionários", Daniel perguntou em voz alta. "Sou relativamente novo lá em comparação com alguns dos mais antigos".

"Provavelmente porque você é novo", disse Emily. "Porque você vai trabalhar duro para sua família. Ou talvez porque ele saiba que você tem talento para fazer isso sozinho".

Daniel franziu a testa. "O que você quer dizer?"

"Quero dizer que você poderia facilmente abrir sua própria marcenaria. Até temos espaço para isso. Nós poderíamos converter um dos celeiros, afinal. E você adquiriu muita experiência na fabricação de móveis. Você fez o berço para Charlotte no seu tempo livre, e ficou fenomenal! As pessoas pagariam muito por algo assim, um berço exclusivo para seu bebê. Você precisa ver o preço da minha poltrona de amamentação!" Ela riu, lembrando-se dos milhares de dólares que Amy tinha jogado na poltrona de balanço e no banquinho para ela.

Daniel, por outro lado, estava quieto. Sua expressão era meio sonhadora e distante.

"No que você está pensando?" Emily perguntou.

Ele saiu do devaneio. "Eu só estava pensando que você pode estar certa sobre Jack me promover para me manter lá, porque não quer me perder".

"Posso estar certa?" Emily brincou. "Eu definitivamente estou certa! Você pode administrar um negócio de móveis para crianças sob medida. Ou pode até mesmo fazer barcos, se quiser. Você tem o talento para fazer qualquer coisa que se propuser a fazer".

Era óbvio para Emily, mas Daniel parecia atordoado, como se a ideia nunca tivesse passado pela sua cabeça.

"Eu nunca pensei nisso dessa forma", ele disse. "É apenas um trabalho para mim, sabe?"

"Apenas um trabalho! Você é humilde demais, às vezes", Emily continuou. "Quantas pessoas você realmente acha que têm esse tipo de habilidade? Você tem talento, Daniel. Só precisa pensar grande, às vezes".

Em vez de se sentir encorajado por essas palavras, Daniel pareceu recuar.

"Eu penso grande", ele murmurou, defensivamente. "Eu não sou tão bom quanto você pensa que sou".

"Não sou só eu", Emily disse a ele, gentil. "Jack obviamente pensa assim também".

Ela não queria forçar a barra. Queria apenas que Daniel entendesse que ele tinha talento e que isso poderia levá-lo longe. Mas ele parecia estar encolhendo, definhando sob o peso da percepção da esposa.

Em silêncio, Daniel baixou os olhos, pegando pedrinhas e jogando-as pela praia.

Então, o celular de Emily começou a tocar. Ela suspirou, por um lado aliviada por ter sido salva pelo gongo, mas por outro frustrada por ter perdido a chance de chegar ao fundo da aparente mudança de humor de Daniel.

Ela remexeu na bolsa e pegou o celular. Surpresa, viu que que era o corretor imobiliário da ilha. O aparelho brilhava para ela como um farol.

"São eles!" exclamou em voz alta, sentindo o coração acelerar.

Daniel levantou os olhos e parou de arremessar as pedras. Na beira da praia, Chantelle se virou ao ouvir a voz de Emily.

"É o corretor!" Emily gritou para a filha.

Os dois cães espelharam os movimentos da menina, e os três correram pela praia em direção a Emily, levantando nuvens de areia atrás de si.

Assim que Chantelle alcançou Emily, ela parou, e os cachorros ficaram correndo em círculos em volta da família, com os pelos molhados com água salgada, latindo como se entendessem instintivamente que algo empolgante estava prestes a acontecer.

Com a respiração irregular, Emily atendeu à ligação e ativou o viva-voz. A família se inclinou, olhando para o celular com expectativa. Era como se o pequeno aparelho de plástico contivesse o futuro deles em seu poder.

"Estamos todos aqui", explicou Emily. "Na expectativa. Então, quais as novidades?"

Desde que eles fizeram a oferta, Emily se preparou para o pior. Na verdade, ela praticamente se convenceu de que aquilo não aconteceria, que eles não iriam conseguir comprar a ilha. Não era o tipo de coisa que acontecia com pessoas normais. Mas, apesar de dizer a si mesma repetidamente que isso não ia acontecer, ela foi incapaz de amortecer a faísca de animação que sentia, aquela gota de esperança que desafiava a parte pessimista de sua mente com um simples mantra: e se…

A corretora falou, com uma voz entrecortada.

"É uma boa notícia", disse ela. "A oferta foi aceita. A ilha é sua!"

Emily não podia acreditar no que acabara de ouvir. A estática na linha fez com que ela ouvisse o que queria? Mas quando olhou para Daniel, ela viu seus olhos brilhando de surpresa e alegria. Quando Chantelle começou a pular, agitando os braços, Emily sabia que não havia dúvida.

Os cachorros começaram a latir por causa da euforia de Chantelle, saltando com as patas encharcadas, deixando marcas de areia molhada na roupa dela.

"Sério?" Emily gaguejou, esforçando-se para ouvir a voz abafada através de toda a comoção. "Nós realmente conseguimos?"

"Conseguiram sim", respondeu a corretora. Emily podia ouvir o sorriso na voz dela. "Claro que ainda há alguns documentos para assinar e arquivar. Mas vocês podem visitar a ilha quando quiserem, enquanto isso". Ela terminou com uma risada.

Emily ficou tão surpresa que não conseguiu encontrar as palavras. Daniel assumiu, inclinando-se para mais perto do celular, colocado entre eles.

"Você quer dizer que podemos ir até lá agora?" ele perguntou, com o olhar fixo em Emily ao invés de no telefone. "Como os donos oficiais?"

Do viva-voz, veio a voz da corretora, baixa e robótica, "Na verdade, podem sim".

Chantelle se agachou e jogou os braços ao redor do pescoço do pai, tão feliz que quase o derrubou no chão.

"Vamos para a ilha agora!!", ela gritou no ouvido dele.

Daniel estremeceu, mas sorria largamente. Os braços de Chantelle estavam em volta do pescoço dele como os tentáculos de um polvo e ele levantou as mãos para soltar o aperto dela enquanto levantava as sobrancelhas para Emily.

"O que você acha? Vamos dar uma olhada na ilha, já como donos?"

Emily tocou sua barriga, sentindo a forma da bebê. Ela estava ficando cada vez mais protetora à medida que as semanas passavam, não querendo submeter a filha em crescimento a qualquer contratempo. Mas o mar estava calmo hoje, e ela tinha certeza de que não sentiria nenhum enjoo no passeio.

"Vamos sim", disse ela.

Chantelle gritou de alegria.

Daniel se inclinou para o telefone, quase gritando agora por causa do barulho dos cães e da criança, esforçando-se para se manter calmo enquando Chantelle o puxava com toda a sua animação.

"Você nos deixou extremamente felizes", disse ele. "Obrigado por tudo."

"Por nada, Sr. Morey", respondeu a corretora.

Eles encerraram a ligação e Emily e Daniel ficaram parados, com expressões atônitas, igualmente perplexos, enquanto absorviam sua nova realidade. Chantelle se virou, jogando suas coisas ao acaso em uma sacola, movendo-se num ritmo mais acelerado.

"Vamos", ela gritou. "Vamos lá!"

Daniel entrou em ação, ficando em pé e ajudando Emily a se levantar. O porto estava a uma curta distância, mas Emily sabia que teria que ir devagar. Chantelle correu na frente com os cachorros, parando periodicamente para apressá-los, mas na verdade dobrando a distância que estava cobrindo em comparação a Daniel e Emily.