O Treinador De Futebol

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O Treinador De Futebol
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O TREINADOR DE FUTEBOL
da formação do jogador às táticas coletivas e sistemas e modelos de jogo
MARCO BRUNO
Traduzido por Aderito Francisco Huo
Tektime editor
Título: O treinador de futebol
©2019 Marco Bruno
© O treinador de futebol
Todos os direitos reservados

A sensação do prazer ao calçar as chuteiras, o cheiro da relva acabada de ser cortada no inicio da época; os saquinhos de plástico nos pés para não deixar entrar a água durante os treinos por baixo da chuva abundante e insistente. Os amigos que o são durante uma toda época, mas ficam para sempre. Crescer com um sonho e não conseguir realizá-lo completamente e depois aperceber-se que o motivo era porque a minha vocação era aquela de treinar. Pequenos e grandes. Com uma inesperada natureza. Provavelmente o talento que me faltava como jogador o tinha como treinador. Ou talvez nem sequer aqui posso dizer de tê-lo… muitas vezes o caminho para chegar a obter o que se almeja é incrivelmente tortuoso e poderias também perder-se. Com as chuteiras ou com um apito, a paixão é a mesma. E quando é a paixão a acompanhar-te, nunca podes perder-se.

O QUE É FUTEBOL

O futebol é um jogo simples e facilmente compreensível nas suas regras e no desenrolamento. Pode ser praticado por qualquer um porque não exige uma especial estrutura física ou determinados dotes atléticos; consente ao atleta uma ampla liberdade de movimentos e por conseguinte a possibilidade de exprimir-se melhor de si mesmo.

Por isso, o jogo de futebol é definido actividade livre que, partindo por uma técnica de base comum, permite a todos de exprimir a própria personalidade e o próprio estilo; todavia é uma actividade incerta, ligada às leis do caso, onde é impossível prever o desenrolamento.

Filosoficamente o futebol é uma aventura sempre nova e repleta de interesse que pode tornar-se espectacular; é uma actividade do presente, porque o jogador constrói no decorrer de cada jogo o seu futuro, o passado não conta.


O futebol apaixona

● Porque é um jogo simples

● Pode ser praticado por todos

● É uma actividade livre

● É uma actividade incerta

● É uma aventura

● É uma actividade do presente

Existem factores que considero fundamentais sobre os quais trabalhar para poder formar um jogador em todas as suas características: técnicas, tácticas, físicas, psíquicas, sociais. Obviamente é preciso esclarecer desde já que treinar um jovem jogador é completamente diferente que treinar um jogador adulto. Por este motivo é preferível falar da formação do jovem jogador antes, e de treinamento do jogador adulto depois.

Nestes anos o erro que vi cometer mais com frequência por treinadores de sectores juvenis foi (e continua a ser) aquele de treinar jovens e crianças como se estivessem treinando adultos.

OS PRINCÍPIOS DO TREINAMENTO

Todo o treinador que se prepara para assumir a responsabilidade do comando de uma equipa deve ter bem claro o significado da palavra “treino”. Duma forma extremamente geral, o treino é um processo que produz uma mudança física, motriz, cognitiva e afectiva.

O treinamento desportivo do atleta é:

• Preparação física,

• Preparação técnico-táctica,

• Preparação intelectual, psíquica e moral,

Tudo isto é realizado através de exercícios físicos. Podemos portanto definir o treinamento como “o conjunto de todas as intervenções direccionadas ao melhoramento dos factores modificáveis que influenciam a prestação para obter o melhor rendimento”.


Os factores sobre os quais é possível intervir são múltiplos, podemos falar do:

– Treino das capacidades físicas.

– Treino das capacidades técnicas;

– Treino das capacidades tácticas;

– Treino das capacidades psíquicas.


Não é possível intervir unicamente sobre uma delas sem influenciar positivamente ou negativamente nas outras.

Se os estímulos dos exercícios forem vários e direccionados a todas as capacidades, o organismo fica confuso e não saberá qual resposta dar a tais solicitações. No treino, a relação de mais capacidades não provoca uma soma de adaptações mas ao contrário provoca uma subtracção de adaptações. Portanto o treinador não deve treinar sempre tudo, porque caso contrário treinaria mal, pouco ou nada. Os fisiólogos do exercício físico sempre interessaram-se das adaptações do nosso organismo à exposição crónica do exercício físico (treinamento) e em particular:

Ao principio da subjectividade, segundo o qual o programa de treinamento é estabelecido tendo em conta as possíveis variações de individuo a individuo. Pessoas diferentes respondem de forma diferente a um ou mesmo programa de treinamento.

Ao principio da especificidade, segundo o qual o treino deve reflectir perfeitamente o tipo de actividade motora desenvolvida, a fim de optimizar os benefícios. Um carregador de pesos não pode treinar com a rapidez prolongada.

Ao principio da reversibilidade, segundo o qual os benefícios do treinamento perdem-se quando o treinamento vem interrompido ou diminuído. Durante largas interrupções convém sugerir sempre actividades de manutenção.

Ao princípio da sobrecarga progressiva, segundo o qual é preciso estimular o organismo (músculos, sistema cardiovascular) com cargas progressivamente crescentes à medida que o organismo se adapta.

Ao principio do “difícil/fácil”, segundo o qual períodos de treinamento intenso “difícil” carga ou incremento), devem ser seguidos por um período de treinamento “fácil” (descarga ou assimilação) para consentir ao organismo de recuperar e adaptar-se antes de enfrentar o incremento sucessivo.

Ao princípio da periodização, entendido como programação de megaciclos, macro ciclos, meio ciclos e micro ciclos, no âmbito dos quais serão alternados com intensidade e volume de carga e tipo de treinamento para a procura continua de melhores condições de forma.

Muitos atletas são super-treinados, e quando a sua prestação piora por causa de Overtraining, treina-se mais, porque julga-se que o melhor treinamento esteja relacionado ao melhoramento. (J.H Wilmore-D. L. Costill. 2005).


O treinamento, pelo contrário será muito mais eficaz e preciso como mais completos e finalizados serão as intervenções sobre as partes que o compõem. No jogo de futebol infelizmente acontece ainda casos em que o treino é limitado a “algumas voltas de campo, peladinhas e remates”. Não existe nada que pode substituir a pratica, todas as teorias ficam abstractas se não conseguem iluminar os conceitos de formação na experiencia pratica. A complexidade do jogo de futebol requer intervenções precisas, qualificadas e estudadas.

O problema mais difícil por enfrentar é aquele de estabelecer a tipologia, a qualidade e a intensidade do trabalho por propor aos jogadores e verificar a condição deles de adaptação às cargas de treinamento (TREINO).

O treino é um parâmetro dinâmico que depende de factores pessoais internos e externos, pode manifestar-se de formas diferentes nos vários sistemas funcionais e orgânicos do indivíduo. Na idade infantil e na adolescência, um papel fundamental é desenvolvido das tais ditas “fases sensíveis” (Martin, 1982), isto é aqueles períodos do crescimento que são especialmente favoráveis ao desenrolamento e à formação de habilidades e capacidades decisivas pela prestação motora desportiva. Aplicando todos os princípios do treinamento, ocorre predispor um programa de trabalho que se adequa aos jogadores que o devem pôr em prática e ao tipo de jogo que o treinador pretende estabelecer. O treinador deve sempre ter presente a questão “o que tenho que fazer e em que momento”.

Procuramos pois esclarecer quais são:

– Os princípios da aprendizagem (como aprende o jogador);

– Os princípios do ensinamento (como deve ensinar o treinador).

O objectivo principal tem de ser aquele de induzir mudanças positivas no comportamento e nos costumes da vida. O comportamento humano se distingue nas:

Acções inatas, que não temos que aprender e que não requerem nenhuma precedente experiencia;

Acções descobertas, que descobrimos mediante um processo individual de ensaio erro voltar a tentar;

Acções assimiladas, que adquirimos dos outros indivíduos com um inconsciente processo de emulação;

Acções concebidas, devem ser ensinadas e requerem um esforço voluntario baseado numa observação analítica precisa.


Os princípios de aprendizagem

A afirmação que “se um jogador treina, melhora e aperfeiçoa as suas capacidades” não é taxativamente verdade, porque o treinamento determina comportamentos e adaptações quer que isso venha conduzido de forma adequada como inadequada.

Nem todas as adaptações e os comportamentos são úteis para a realização das diversas actividades desportivas.

Um treinamento eficaz e tanto como uma aprendizagem eficaz no jogo de futebol estão muito ligados à formação de atitudes, de hábitos e de movimentos correctos.

 

Primeiro, na ordem da importância, é a atitude contra a aprendizagem, seja da parte do treinador como do jogador.

Esta atitude deveria ser caracterizada por duas qualidades:

1. Mentalidade aberta;

2. Mentalidade ávida de saber.

Novas atitudes mentais essenciais por conceber e avaliar as ideias novas e aplicá-las, para colocar-se continuamente em discussão, mais simplesmente para actualizar-se continuamente.

Nem todas as ideias são boas pois é um erro aceitar logo uma nova ideia baseando-se num único critério da novidade, como é um erro não dar-lhe crédito sem avaliá-la.

Alguns desportos requerem de forma predominante o cuidado dos aspectos técnicos, outros daqueles atléticos: o jogo de futebol é um desporto onde é mais importante a capacidade do juízo.

À esta conclusão chega-se com uma simples analise:

● Uma partida de futebol dura 90′;

● A bola está em jogo durante cerca de 60′;

● Nos 60′ presume-se que cada equipa tenha a posse de bola pelo menos durante 30′;

● Durante estes 30′ a bola está muitas vezes no ar e fora do alcance dos jogadores;

● Todo o jogador em média pode ter a posse de bola durante mais de 2′ a 3′.

Depois desta análise fica espontânea uma questão:

O QUE FAZ O JOGADOR NOS OUTROS 57′ – 58′ EM QUE A BOLA ESTÁ EM JOGO?

A resposta é:

Aplica as próprias capacidades de juízo, toma decisões e faz escolhas.

Observamos depois que o futebol é uma das modalidades de aspectos variáveis, seja porque os jogadores e a bola podem mover-se por todo o campo, seja porque as regras por respeitar são poucas, percebemos que as situações mudam rapidamente e requerem da parte dos jogadores rapidez na execução e concentração. Tudo isto nos leva ao problema fundamental que não é como se treina, mas como aprende um jogador.


Para estimular os jogadores com sucesso o treinador deve tomar em consideração os seguintes factores:

1) O interesse: o jogador pouco interessado e motivado, dedica escasso empenho às actividades propostas.

2) O entusiasmo: o jogador que tem falta de entusiasmo não é útil a si próprio e ao grupo.

3) A colaboração: trabalhar junto ao grupo para o alcance do objectivo comum.

4) O exemplo: ver jogar uns campeões ou melhor vendo correctas acções de jogo, mediante o uso de filmados podem-se trazer melhoramentos na aprendizagem, seja sobre as atitudes como sobre os hábitos.

5) A frequência aos treinos: a qualidade do treino é mais importante que a frequência. Na presença de qualidade, mais tempo será dedicado ao treino maior serão os benefícios.

6) O conhecimento dos benefícios: quem obtém bons benefícios treina mais a vontade. Num treino bem realizado os jogadores dão-se conta dos progressos obtidos.

7) O espírito de competição: para desenvolver as próprias habilidades é necessária uma contínua procura de superação das próprias capacidades e dos próprios limites. Os jogadores melhorarão se forem dados tarefas cada vez mais absorventes à condição que não sejam muito difíceis.

8) A confiança: os treinadores deveriam ensinar aos jogadores a ter confiança, mas sobretudo encorajá-los a cultivar esperanças e ambições realizáveis.


Depois de ter estabelecido como o jogador aprende, é preciso estabelecer o que tem necessidade de aprender no treino futebolístico.

Quatro são as áreas do treinamento futebolístico:

– A técnica e a táctica (capacidades coordenativas);

– A condição física (capacidades condicionais);

– A compreensão (o que fazer e o que não fazer);

– A condição psico-social (comportamentos).


1) A técnica e a táctica: são os instrumentos da profissão, quanto melhores forem tanto mais eficazes, úteis e surpreendentes serão os resultados.


2) A condição física: as habilidades não são realizáveis se não são acompanhadas por uma boa condição física. Este será a matéria predominante das nossas lições.


3) A compreensão: consiste em aprender o que se pode fazer e o que é necessário fazer e distingue o bom jogador dos outros em paridade de condição física e técnico-táctica. Tentar alguma coisa que sabe-se que não pode fazer, é tanto grave quanto fazer algo bem no momento errado.


A compreensão requer:

– Conhecimento dos princípios do jogo e das regras;

– Intuição daquilo que está para acontecer;

– Decisão de escolher sobre o que é melhor fazer;

– Percepção do espaço e tempo;

– Acção, execução pronta e imediata daquilo que se escolheu.


4) A condição psico-social: saber estar no seio dum grupo (equipa), aceitando a diversidade (habilidade, comportamentos, capacidades físicas, experiencias….) colaborando para o alcance do objectivo comum é uma condição indispensável para completar as outras.

Antes de iniciar o desenvolvimento dos elementos fundamentais para o alcance duma boa condição física logo é necessário observar como deve ensinar o treinador e os princípios sobre os quais baseia-se uma eficaz acção de treino.

OS PRINCÍPIOS DO ENSINAMENTO

Os princípios ou regras de ensinamento desportivo servem para tornar óptima a capacidade metódica da acção de treinadores e atletas. Tais princípios referem-se a todos os aspectos e tarefas do ensinamento, do qual determinam conteúdos, métodos e organização.


1) Conhecer a matéria: é preciso ter conhecimento do futebol do ponto de vista técnico, táctico, os princípios da preparação física, não deixar-se influenciar por factores externos, ambientais, geralmente emotivos e impedir que sejam influenciados os jogadores.

2) Conhecer como é que se aprende: sem conhecer os princípios da aprendizagem que enumeramos antes não é possível efectuar um treino profícuo.

3) Conhecer os factores chaves do ensinamento: os factores chaves do ensinamento são:

a) O foco, considera-se objectivos que normalmente estão a médio e longo prazo, por exemplo o melhoramento do jogo de ataque da equipa ou então o melhoramento da força. A partir do foco emergem os objectivos a curto prazo.

b) Os objectivos, consideram-se:

– O jogo com a bola (passes, controles, triangulações, etc. …)

– O jogo sem a bola (movimento, combinações, acções de ajuda, cruzamentos, etc. …).

Não se pode ensinar tudo duma só vez, mas determinar uma ordem de prioridade e uma sequência lógica do treino.

c) A ordem de prioridade e a sequência lógica – não se podem ensinar eficazmente diversos aspectos do jogo duma só vez;

– Entre dois factores um terá sempre uma precedência lógica sobre o outro. Se não se respeita uma sequência lógica, fica tudo mais difícil. O mesmo acontece se insiste em ensinar coisas certas, mas no momento errado. Muita atenção deve ser posta à planificação e à organização.

d) A planificação e a organização.

A planificação comporta o melhor uso dos equipamentos e deve ser feita antecipadamente para dar lugar à melhor organização possível.

A organização de uma eficaz sessão de treino prevê:

• A escolha da zona do campo a ser utilizado para o treino;

• O numero exacto de jogadores que participam;

• Um treino realista (os jogadores devem ser usados nas suas posições reais e nos exercícios deveriam jogar de forma realista; as balizas devem estar sempre de grandeza regular porque os dois aspectos essenciais do jogo são os remates e a marcação de golos);

• Um adequado inicio do exercício e qualidade dos passes (muitos treinos arrastam-se cansativamente porque é dada pouca atenção como iniciar o exercício e os passes são pouco cuidados);

• Simplicidade e clareza (todos os jogadores devem compreender muito bem o que se quer fazer e obter com o tipo de treinamento).

a) A capacidade de observação. A observação dum treino deve levar o técnico a perceber se:

– Os treinos desenrolam-se a contento conforme à organização;

– A atitude dos jogadores é estimulada e interessada;

– A acção do jogo colectivo atinge o foco;

– A acção específica de cada um é profícua para o trabalho de grupo.

Se tudo isto não é alcançado, é preciso questionar-se:

– Fisicamente o jogador está em condições de desenvolver a tarefa?

Se a resposta for “não”, não há razão para continuar com o exercício.

– O exercício assusta o jogador?

Se a resposta for “sim” convém partir para exercícios mais simples e encorajar principalmente o jogador.

– É um problema técnico?

– De que técnica se trata?

Certificar que o jogador perceba onde falha e explicar como fazer de forma correcta e exercitá-lo em tal sentido.


– É um problema táctico?

1. Falta da compreensão (isolar e explicar cada uma das partes);

2. Falta da intuição (o jogador não vê a acção que desempenha por três motivos:

– Acção bastante aglomerada;

– Acção bastante veloz;

– Joga com a cabeça virada para baixo.

3. Falta da aplicação (o jogador compreende o que se deseja dele, mas falha a execução porque procura realizar coisas bastante difíceis).

f) A comunicação: tudo o que foi dito até agora conta pouco se o treinador não é capaz de comunicar. Um treinador pode comunicar em duas maneiras:

1. Tramite a demonstração destacando as seguintes qualidades:

– Acções de jogo correctas;

– Acções desempenhadas de forma simples;

– Demonstração clara, destacando o factor principal;

– Estabelecer um objectivo mínimo;

2. Tramite a palavra: a comunicação via palavra é muito importante, mas depende da convicção com a qual fala o treinador. O treinador antes de falar, deve pensar durante um instante naquilo que deve dizer para estar claro do significado das palavras, deve evitar palavras ou discursos complicados e reparar os ouvintes enquanto fala. Enfim deve falar sempre numa perspectiva positiva porque é mais eficaz dizer “faz isto” ao invés de dizer “falhou ao fazer isto”.


A comunicação em cifras

Os 70% da nossa vida passamo-los a comunicar verbalmente. Este tempo é desta forma repartido:

Para ouvir 45%

Para falar 30%

Para ler 15%

Para escrever 10%

De tudo isto conseguimos recordar:

Daquilo que lemos 10%

Daquilo que ouvimos 20%

Daquilo que observamos 30%

Daquilo que ouvimos e observamos 50%

Daquilo que dissemos 80%

Daquilo que explicamos 90%


Numa conversa conseguimos:

Sentir 50% daquilo que se diz;

Escutar 50% daquilo que sente (apenas 25%);

Compreender 50% daquilo que escutamos (apenas 12,5%);

Acreditar 50% daquilo que compreendemos (apenas 6,25%);

Recordar 50% daquilo que acreditamos (apenas 3,125%).


Quantas vezes, falamos demoradamente com os nossos atletas?

O que ficou das nossas palavras?

3,125%!!!!!!!!!!

Todo o resto fica esquecido.

Treinar significa comunicar. Alguns falam mas comunicam pouco e tem dificuldades de relacionar-se, outros pelo contrário, falam muito e deixam pouco tempo à escuta.

Todo o instrutor deve manter sempre presente a importância da sequência:

Escuto = esqueço

Vejo = recordo

Executo = aprendo.

O ensinamento durante o jogo.

O treinador deve ser muito habilidoso e atento nos jogos de treino. O jogo de treino representa o culmine da sessão. O desenvolvimento final duma boa acção do jogo da equipa. As técnicas e os exercícios em pequenos grupos são como bocados de um mosaico e ensinar a pô-los em prática durante o jogo é como procurar completar o mosaico. Esperar que aqueles pedaços vão sozinhos aos seus lugares, é optimismo em excesso. Para obter satisfatórios e úteis resultados, convém estabelecer:

– O que ensinar;

– Onde ensinar;

– Como ensinar;

1. O que ensinar:

 

É preciso dedicar-se principalmente aos objectivos focados no melhoramento do jogo da equipa.

Defesa: reduzir tempo e espaço; disputar e cobrir; defesa em massa.

Ataque: criação e exploração de espaços; passes e movimentos; ataque em massa.

Isto independentemente duma estratégia de jogo. Cada jogador deve aprender a comportar-se eficientemente em qualquer situação.

Habituar os jogadores a efectuar o cálculo certo:

– Entre segurança e risco;

– Das possibilidades; saber escolher e executar aquilo que melhor é numa particular situação. (melhor escolha).

2. Onde ensinar:

Os jogadores devem exercitar-se para realizar acções de jogo em toda parte do campo. As melhorias do jogo de grupo em ataque deveriam obter-se a partir dos três quartos defensivos do campo, da mesma forma a melhoria do sistema defensivo deveria obter-se partindo dos três quartos de ataque. Julgo que seja oportuno efectuar exercitações posicionais nas diferentes zonas de campo ou seja nas zonas onde queremos que tais comportamentos venham realmente postas em prática no jogo.

3. Como ensinar: os métodos que estão na base do ensinamento são:


– Controle de jogo (ex: se uma equipa deve treinar e criar espaços na zona central do campo então o treinador deve limitar-se àquela zona);

– Condições de jogo (ex: se tem que se concentrar no passe rápido é preciso impor o jogo anterior, se por acaso for possível, e seja como for um movimento continuo sem bola antecipadamente sobre a decisão do colega para poder dar-lhe a solução de passe ainda antes que receba a bola. Requer-se um arranque em ajuda é preciso impor que o jogador tenha que superar correndo o colega ao qual passou a bola);

– Bloquear o jogo. É um método para demonstrar aos jogadores as vantagens e as desvantagens das suas posições.

A este propósito é necessário que:

a) Seja fixado um sinal visual a todos para bloquear o jogo (ex: duas apitadelas, mas sobre este ponto estou convicto que o sinal tenha que ser necessariamente visível como no jogo o treinador não pode utilizar o apito e daí os jogadores devem reconhecer visualmente uma situação comum para todos de forma que ao reconhecê-la, todos se comportem como estabelecido no treino);

b) Os jogadores param para não alterar a situação do jogo que se pretende corrigir (convém parar o jogo para acentuar o tema tratado, mas não para tratar temas diferentes).

– Corrigir e tentar novamente: depois de ter parado com o jogo é importante fazer repetir na forma correcta aquilo que foi feito de forma errada.

– Pensar alto: trata-se de um método mediante o qual o treinador pensa em voz alta no lugar do jogador, antecipando as suas acções. Este método usa-se muitas vezes para tornar mais eficaz a repetição correctiva.