O Mar De Tranquilidade 2.0

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O Mar De Tranquilidade 2.0
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O Mar da Tranquilidade 2.0

Livro Um

por

Charley Brindley

charleybrindley@yahoo.com

www.charleybrindley.com

Editado por

Karen Boston

Site https://bit.ly/2rJDq3f

Capa feita por

Tamian Wood

www.BeyondDesigninternational.com

Traduzido

Por

Luan Vitor

© 2019 Charley Brindley, todos os direitos reservados

Impresso nos Estados Unidos da América

Primeira Edição em 16 de maio de 2019

Este livro é dedicado a

Durah Roberts Walker

Some of Charley Brindley’s books

have been translated into:

Italian

Spanish

French

and

Russian

Outros livros de Charley Brindley

1. The Rod of God, Book One: On the Edge of Disaster

2. The Rod of God, Book Two: Sea of Sorrows

3. Oxana’s Pit

4. Raji Book One: Octavia Pompeii

5. Raji Book Two: The Academy

6. Raji Book Three: Dire Kawa

7. Raji Book Four: The House of the West Wind

8. Hannibal’s Elephant Girl Book One: Tin Tin Ban Sunia

9. Hannibal’s Elephant Girl: Book Two: Voyage to Iberia

10. Cian

11. The Last Mission of the Seventh Cavalry

12. The Last Seat on the Hindenburg

13. Dragonfly vs Monarch: Book One

14. Dragonfly vs Monarch: Book Two

15. The Sea of Tranquility 2.0 Book 2: Invasion

16. The Sea of Tranquility 2.0 Book 3: The Sand Vipers

17. The Sea of Tranquility 2.0 Book 4: The Republic

18. Do Not Resuscitate

19. Ariion XXIII

20. Henry IX

21. Qubit’s Incubator

Em Breve

22. Dragonfly vs Monarch: Book Three

23. The Journey to Valdacia

24. Still Waters Run Deep

25. Ms Machiavelli

26. Ariion XXIX

27. The Last Mission of the Seventh Cavalry Book 2

28. Hannibal’s Elephant Girl, Book Three

29. Casper’s Game

Confira o final deste livro para detalhes de outros livros

Índice

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Quatorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezesseis

Capítulo Dezessete

Capítulo Dezoito

Capítulo Dezenove

Capítulo Vinte

Capítulo Vinte e Um

Capítulo Um

Adora Valencia abriu a porta externa da Escola Central do Ensino Médio Samson Uballus e correu para dentro.

O interior frio ofereceu um alívio bem-vindo do clima abafado de Los Angeles. Ela olhou para o relógio digital de letras vermelhas suspenso acima do corredor vazio — oito e cinco.

Droga, estou atrasada de novo.

Ela ajeitou a bolsa e os livros nos braços, tentando manter o copo da Starbucks na vertical.

Mas não é minha culpa.

Ela virou à esquerda, com os saltos clicando no chão de azulejos.

Bem, talvez seja.

Sem tempo para despejar suas coisas em seu escritório, ela foi direto para a sala de aula.

Ela dormira muito pouco na noite anterior, e nenhuma no sábado à noite. Foi uma luta que durou um fim de semana, o pior deles. Ela tentou cobrir as olheiras sob os olhos com maquiagem, com pouco sucesso.

Esse é o fim daquela conversa fiada de falsa de coabitação. Não me importo se eu morar sozinha pelo resto da minha vida. Adeus, Jasper Slocomb.

Na porta de sua sala de Estudos Sociais, ela parou, respirou fundo e abriu.

“Bom dia, classe.”

Seis dos vinte e quatro adolescentes continuaram a escrever e jogar jogos em seus celulares, três jogaram bolas de papel um no outro, dois tiraram sarro do nariz recentemente quebrado de Wilson Jackson, enquanto um dormia tranquilamente em sua mesa.

Adora ficou parada por um momento, observando os alunos a ignorarem.

Meu Deus, é como deixar um campo de batalha para outro.

Ela caminhou até sua mesa, largou os livros e abriu a gaveta principal.

Excedrin, por favor, esteja aqui.

A garrafinha verde foi empurrada para trás. Ela sacudiu e sorriu com o agradável som de chocalho. Depois de tomar duas pílulas com uma dose de café frio, ela esperou antecipadamente que a aspirina silenciasse a banda de percussão marchando dentro de seu crânio.

Aos 23 anos, depois de lecionar meio ano na Escola Central do Ensino Médio Samson Uballus, Adora viu seu trabalho longe de se cumprir. Talvez o Sr. Baumgartner, o diretor, tenha despejado todos os rejeitos nela para testar suas habilidades de ensino.

No meio do segundo semestre, sua classe sênior se tornava mais rebelde a cada semana que passava. Alguns consideravam colégio, mas a maioria queria sair do ensino médio e viver uma vida de festa.

Os alunos continuaram a enviar mensagens, fofocar e badernar, ignorando-a descaradamente.

“Alguém em casa?”

Ela ajeitou a blusa e jogou seus longos cabelos ruivos por cima do ombro.

Uma chuva de bolas de papel amassado caiu sobre o Rocco Faccini adormecido, onde ele estava sentado na primeira fileira. Um maço ricocheteou em sua cabeça e caiu na mesa de Adora.

Raiva subindo, ela apertou a mandíbula e pegou o maço, jogando-o no lixo. Ela então pegou a lata de lixo de metal, levantou-a até a altura dos ombros e a derrubou.

Faccini levantou a cabeça e olhou em volta, de olhos arregalados, enquanto todos os outros estudantes paravam para encará-la.

“Muito obrigada pela atenção.” Adora empurrou a lata de lixo de volta ao seu lugar com o pé. “Hoje vamos falar sobre a próxima eleição presidencial.”

Esta declaração foi recebida com murmúrios e olhos revirados.

“Oh, meu Deus. O que vou fazer com vocês?”

“Nos dê coisas interessantes para se trabalhar,” respondeu Monica Dakowski prontamente.

“Me ajude com a minha matemática,” Kendrick Jackson entrou na conversa.

“Faça os cozinheiros nos darem comida melhor.”

“É isso aí.”

“Parem!” Ela pegou uma régua de metal e bateu na mesa. “Foco, alunos. Qual é o objetivo desta aula?”

“Aprender sobre política chata?” Monica perguntou.

“Ler história ninguém se importa?”

“Falar sobre igualdade que nunca conseguiremos?”

“Resolver problemas mundiais sobre os quais não temos controle?”

“Como tudo isso me ajuda a conseguir um emprego em construção quando eu me formar?” Albert Labatuti perguntou.

“Tudo bem”, disse Miss Valencia. “Vamos falar sobre essas coisas. Quem gosta do nosso atual presidente?”

Um coro de vaias e gargalhadas respondeu à sua pergunta.

“Como o estudo da história afeta o futuro?” ela perguntou.

“Tudo o que quero saber sobre o futuro”, disse Albert Labatuti, “é que horas começa a festa do Faccini na sexta à noite?”

“Isso! E ele tem uma piscina?”

“Eu tenho uma piscina, e a festa começa às oito em ponto.”

“Eu desisto.” Adora se sentou na cadeira, cruzou os braços e olhou para os alunos, que agora discutiam animadamente os detalhes da festa de Rocco Faccini.

Eu já me cansei desse bando de palhaços, e aquele Excedrin não fez nada pela batida na minha cabeça.

O telefone no bolso da saia dela vibrou.

Quando ela viu o nome na tela, seu coração acelerou, mas então ela se lembrou do fim de semana horrível que acabara de ter.

Saia da minha vida, Jasper.

Alguém bateu na porta.

 

Adora guardou o telefone enquanto o diretor Baumgartner entrava na sala.

Os estudantes esconderam seus telefones e pararam de falar. Os meninos chutaram os maços de papel embaixo das mesas e sorriram para o Sr. Baumgartner, com as mãos entrelaçadas, imitando criancinhas inocentes.

Adora sequer se importou com a presença de seu chefe.

Porque se importar? Espero que ele me despeça para que eu possa ir trabalhar no depósito de madeira do Tio Mike.

“O que está acontecendo?” Ele olhou dos alunos para a professora.

Adora sentou-se, massageou as têmporas e depois estendeu as mãos em um gesto de desamparo.

O Sr. Baumgartner andou a frente da classe, as mãos cruzadas atrás das costas. “Jackson, o que aconteceu com seu nariz?”

“Futebol.”

“Ah, zagueiro, né?”

“Não, senhor. Eu estava comendo macarrão com queijo no refeitório quando alguém jogou uma bola de futebol em mim.

Rocco recebeu um cutucão e uma risadinha vinda de Monica.

“Ah. É uma pena.” O Sr. Baumgartner seguiu em frente. “Johansson, o que está acontecendo?”

Michael Johansson passou o cabelo preto liso sobre a orelha, engoliu em seco e olhou para a professora. “Hum... nós... é... estávamos esperando pacientemente a senhora Valencia nos dar nossas tarefas.”

“Dakowski.” Baumgartner parou em frente a outra mesa. “O que você tem a dizer?”

Monica Dakowski, capitã da equipe de torcida, inclinou a cabeça para o lado e deu um sorriso fofo.

“Você sabe que rostos bonitos e peculiaridades caprichosas não têm efeito em mim. Diga algo inteligente.”

“Eu estava... hum... nós estávamos apenas tentando conhecer...” Ela pegou o caderno e o abriu em uma página dobrada. “O Afeganistão é em sua maior parte deserto e—”

“Meu bom Deus. Isso é da sua aula de geografia.”

Ela virou uma página. “Um split infinitive é uma palavra ou frase—”

O diretor passou as mãos pelo rosto. “Pare, Dakowski.” Ele virou-se para Adora. “Senhora Valencia.”

“Sim, senhor?”

“Você sabe quantos alunos frequentam a Escola Central do Ensino Médio Samson Uballus?”

“Não, senhor.”

“Seiscentos e dezessete. Você sabe quantas aulas estão em andamento enquanto falamos?”

Ela balançou a cabeça negativamente.

“Vinte e três. Enquanto eu andava pelo corredor agora, vi professores no quadro, escrevendo tarefas, alunos levantando as mãos com perguntas inteligentes, alunos em pé para dar relatórios orais...” Ele olhou em volta para todos os rostos sorridentes. “Mas o que encontro na sua sala de aula?”

Ela olhou para os alunos. “Vinte e quatro delinquentes juvenis com problemas sociais trocando mensagens de texto e fazem barulhos doentios?”

“Não. Eu vejo os alunos ficarem loucos enquanto você envia uma mensagem.

“Eu não estava—”

Ele levantou a mão em um movimento de parada. “Você sabe quantos de seus alunos estão reprovando neste curso?”

“Sim.”

“Quase a metade.”

“Eu sei, mas eu não—”

“Sei que este é seu primeiro ano na ECEMSU e reduzi algumas folgas durante o primeiro semestre, mas agora algumas dessas pessoas não vão se formar por causa dessa aula.”

“O quê!!??” Susan Detroit deixou escapar. “Não vão o quê?”

“Sr. Baumgartner.” Adora se levantou. “Não acho justo repreender uma de suas professoras na frente dos alunos dela.” Ela sentiu o rosto corar de raiva. “Isso deve ser feito com confidência. Dê elogios na frente da classe e critique em particular.”

Os alunos olharam da professora para o Sr. Baumgartner.

“Elogios?” Ele cruzou os braços sobre o peito. “Eu te darei…” Ele olhou em volta para os estudantes. “Vamos sair para o corredor.”

A porta se fechou atrás deles.

“Senhora Valencia, você pediu por elogios. Tudo bem, você tem uma postura perfeita e uma excelente opção em penteados, mas receio que suas habilidades de ensino estejam lamentavelmente ausentes.”

“Você já tentou ensinar a um bando de delinquentes desordeiros os rudimentos de um comportamento social decente?”

“Sim, já. Você quer saber como?”

Ela cruzou os braços, encarando-o de forma desafiadora.

“Disciplina.”

“Eles não respondem à disciplina. Tudo o que eles querem é gratificação sem esforço.”

“Essa é a natureza humana. Você precisa dá-los motivação para as recompensas.”

“Como é que eu posso fazer isso?”

Ele a observou por um momento. “Não tenho certeza se você pode, senhorita Valencia. Nem todo mundo está preparado para ser professor.”

“Eu sou uma professora.”

“Haverá uma abertura no departamento de educação física no outono, e é lá que você estará – se o seu contrato for renovado no final do ano letivo.”

O peito de Adora se apertou enquanto ela olhou para ele.

É isso aí! “Tudo bem,” disse ela.

Não vou mais aturar qualquer besteira dele.

“Você quer ação?” ela vociferou.

Ela abriu a porta e o diretor a seguiu até a sala.

Os estudantes ficaram quietos, observando atentamente os dois adultos.

Adora pegou um livro da mesa e o abriu. Ela falou enquanto escrevia nomes no quadro-negro.

“Monica Dakowski e Roc Faccini. Albert Labatuti e Betty Contradiaz. Billy Waboose e Princeton McFadden.” Ela continuou escrevendo nomes em pares até ter doze nomes listados, depois olhou para o Sr. Baumgartner por um momento. “Estes são os doze alunos reprovando no meu curso.”

O diretor estendeu as mãos para o lado. “E?”

Ela escreveu a letra “F” após cada nome.

“O que é isso, as últimas notas das provas?”

“Essas notas”, ela bateu o giz no último F e virou-se para os alunos, “são suas notas finais para esta aula.”

A sala de aula estava cheia de um suspiro coletivo, que explodiu em murmúrios de protestos.

O Sr. Baumgartner estendeu a mão para acalmar a classe. “Você não acha, senhorita Valencia, que é um pouco cedo para—”

“Não, eu não acho. Se eles irão reprovar, eles irão reprovar agora, assim eles podem sair da minha sala de aula e irem passar essa hora na sala de estudos pelo resto do semestre.”

“Mas isso significa que eles não vão se formar em maio.”

“Eu não vou me formar?” um aluno disse em um alto sussurro.

“Exatamente.” Adora jogou o giz na bandeja, partindo-o em pedaços, depois cruzou os braços.

“Eu não sei se você pode—”

“Eu apenas fiz.”

O Sr. Baumgartner olhou para ela.

“Você pode me substituir agora, e eu vou ensinar EF, ou...”

“Ou o quê?”

“Ou esses doze alunos reprovados podem tentar aumentar seus ‘F’s para ‘C’s, passarem no meu curso e se formarem em maio.”

“Como você espera que eles façam isso? Eles não fizeram nada nesta aula até agora.”

“Projetos de equipe.” Adora pegou um fragmento de giz e escreveu ao lado dos seis conjuntos de nomes. ‘Alfa, Bravo, Charley, Delta, Eco, Foxtrot.’

Monica Dakowski levantou a mão.

“Diga, Dakowski?” o diretor disse.

“Que tipo de projetos? E por que não posso ter Jackson em vez de Wiki Leaky?

“Projetos para...” Adora ficou olhando a lista de nomes por um momento. Onde diabos eu vou com isso? “Projetos para... identificar possíveis soluções para resolver os problemas que todos enfrentam no planeta.”

“Tipo o que?” Sr. Baumgartner perguntou.

Adora fez um gesto em direção a sua classe. “Em dez anos, essas pessoas, e milhares como elas, estarão administrando o país.”

“Oh, meu Deus.” O diretor sentou-se na cadeira de Adora. “Essa é a coisa mais deprimente que já ouvi em toda a minha vida.”

“Uma década depois que eles terminaram o ensino médio, eles estão subindo nos rankings do McDonalds, WalMart, Pizza Hut, Home Depot, corpo de bombeiros, escritório de etiquetas de licença e a equipe de professores da ECEMSU. Logo após alcançarem a gerência intermediária nessas organizações, tomarão decisões sobre como as empresas, o governo e a sociedade operam. E fazendo isso, eles determinarão a direção futura da raça humana.”

“Pare com isso, Senhora Valencia”, disse Baumgartner, “antes que eu vá entregar meu pedido de aposentadoria.” Ele se levantou, empurrando a cadeira para trás. “Johansson”, disse ele. “O que você acha de ser gerente intermediário da Home Depot?”

“Legal. Eu vou poder dirigir a empilhadeira?”

“Senhorita Valencia,” disse o diretor, “vou para a aula de matemática do Sr. Cogan, onde ele tem oito alunos no quadro de honra. Você tem duas semanas para me mostrar alguns resultados. Caso contrário, não serão apenas esses doze alunos que reprovarão no final do ano letivo.”

Ele saiu, batendo a porta com tanta força que sacudiu as janelas.

Capítulo Dois

Na manhã seguinte, na metade do globo de distância de Los Angeles, dois jovens estavam sentados na beira protegida de uma duna alta e curva, observando o amanhecer âmbar perseguir a noite agonizante.

Tamir apontou para uma fenda sombria que separava as dunas das planícies que levavam ao oásis de Mirasia.

Algo entrou cautelosamente na luz escura.

Sikandar acenou com a cabeça. “É o velho Pitard. Vamos esperar para ver quem segue.”

Esses dois homens, sem ainda ter vinte anos de idade já eram amigos desde a infância, não tinham ascendência árabe nem oriental, mas nômades do Oriente Médio de uma sucessão antiga. Inúmeras gerações antes deles levaram a uma existência austera no deserto. Seu povo mantinha um delicado equilíbrio populacional que nutria e aproveitava as escassas plantas e animais indígenas, sem danificar o meio ambiente.

Tamir tinha o início de uma barba, mas ainda não o suficiente para fazê-la.

A pele levemente bronzeada de Sikandar contrastava com seus olhos azul-gelo, enquanto cabelos escuros e encaracolados escapavam das bordas do cachecol enrolado em volta de sua cabeça. As longas caudas de seu chapéu marrom e cinza estavam amarradas nas costas, depois deixadas para pendurar sobre o ombro. Seu queixo forte ainda não conhecia barba.

Onde seu amigo, Tamir, ganhou alguns olhares de admiração, Sikandar virou a cabeça de todas as mulheres. No entanto, ele tratou essa atenção com dispensa educada, como se ainda não tivesse atraído o olhar daquela que procurava.

Como se estivessem se espelhando, os dois rapazes ergueram seus cachecóis para cobrir o nariz e a boca contra o vento que vinha, depois colocaram as pontas nas dobras ao lado da cabeça.

Eles viram seis camelas escaldantes escalando o vasto mar de areia atrás de seu mestre de quatro patas, o convencido Pitard, em direção à seu primeiro gole d ‘água em quatro dias. As camelas pareciam sentir a água em vez de cheirá-la enquanto se apressavam para enfiar seus focinhos no líquido fresco.

Seu líder parou, interrompendo abruptamente as seis, onde quase colidiram contra a proeminente traseira de seu senhor e protetor.

Por que ele parou quando tão perto das águas refrescantes?

Eles olharam em volta para ver outra, parada próximo, com os tornozelos da frente mancando.

O grande macho olhou para ela, talvez avaliando a adorável criatura como um complemento para o harém, sem perceber a corda torcida ao redor de suas pernas.

Ela resmungou um aviso quando ele se aproximou.

Ele não demonstrou medo de tal fêmea carnuda. Jogando sua cautela habitual ao vento, ele levantou a cabeça acima da dela e avançou.

O grande macho estava apenas a um metro de distância dela quando um arame disparou uma bola de mola com três pedras pesadas presas, voando da areia e enrolando várias vezes ao redor dos cascos da frente. Ele recuou, tropeçando para trás, mas, por mais que tentasse, não havia como se afastar da estaca, profundamente enterrada na terra.

A fêmea amarrada resmungou novamente, como se dissesse: “Eu te disse.” Ela mastigou a comida e se virou para ver os dois homens descendo a duna.

Eles não tinham pressa em reivindicar o prêmio do touro e suas seis damas; as fêmeas não abandonariam seu dono, mesmo que ele agora fosse um cativo.

Já era um bom dia de trabalho para Sikandar e Tamir.

Capítulo Três

“Qual é o problema mais urgente que enfrentamos hoje?” Adora escreveu no quadro-negro enquanto falava as palavras.

 

Este foi o dia seguinte ao anúncio dos nomes dos doze alunos que certamente iriam reprovar na aula.

“Não tem zoom na câmera do meu celular”, Billy Waboose foi rápido em responder.

“Compre um iPhone, seu idiota”, Albert Labatuti retrucou.

“Me dê mil dólares, e eu vou.”

“Ei!” A senhorita Valencia gritou para chamar sua atenção. “Nós não estamos falando de celulares. Temos que olhar para o cenário maior. Agora, vamos fazer isso de maneira ordenada. Levante a mão se tiver algo significativo a dizer.”

Monica Dakowski e Princeton McFadden levantaram as mãos.

“Sim, Monica.”

“Precisamos seriamente de camas de bronzeamento na sala de estudos.”

Houve alguns murmúrios de concordância.

“Camas de bronzeamento?” Senhorita Valencia disse. “Sério? Você acha que esse é um problema monumental enfrentado pela raça humana?”

“Pense sobre isso. Eu poderia pegar um bronzeado maneiro enquanto pesquisava problemas monumentais no Google.”

“E eu poderia ver a Monica se bronzear e pesquisar no Google”, disse Roc.

Essa observação fez algumas risadas.

“Não”, disse o professora. “Mais alguém?”

“Isso é um bronzeado de corpo inteiro?” McFadden perguntou.

Monica sorriu para ele, abaixou o queixo e encolheu os ombros—sua maneira de dizer, “Talvez.”

Faccini levantou a mão.

“Sim, Roc. Por favor, conte-nos algo importante.”

“Quanto custa uma cama de bronzeamento?”

Vários estudantes começaram a pesquisar no Google ‘Camas de bronzeamento.’

“Oh, meu Deus.” Senhorita Valencia sentou-se em sua cadeira.

“Eu tenho uma pergunta importante,” disse Albert Labatuti.

A senhorita Valencia olhou para ele, uma sobrancelha levantou.

“Por que não podemos ter Wi-Fi mais rápido aqui na ECEMSU?”

“Sim”, disse Monica, “por que não podemos?” Ela piscou para Labatuti. “Isso é realmente importante.”

Labatuti sorriu.

“Temos Wi-Fi?” Faccini perguntou.

“Não para os neandertais”, respondeu Monica.

“Bem, pelo menos não preciso tirar os sapatos para mandar mensagens de texto.”

“Silêncio!” A senhorita Valencia se levantou e andou atrás de sua mesa. “O que eu vou fazer com essas pessoas?” ela murmurou enquanto caminhava de volta para o outro lado.

As cabeças dos estudantes se viraram em uníssono para observá-la, exceto Faccini, que estava começando a cochilar.

Deve haver algo para colocar seus traseiros em marcha.

Uma vez na janela, ela se virou e foi até o quadro-negro. “Tudo bem, vamos ver quem pode pesquisar isso no Google no menor tempo possível.” Ela pegou o giz. “Qual é o maior problema que a humanidade enfrenta?”

A sala se encheu de silêncio, exceto pelo suave som de polegares nos celulares.

“Caramba!” McFadden disse.

“Estamos em profunda idiotice”, disse Betty Contradiaz.

“Como se escreve ‘Google’?” Faccini perguntou.

“É e-l-g-o-o-g, em Neanderthal.” Billy Waboose piscou para a classe.

“Obrigada.”

Monica riu.

“Ei,” disse Waboose, “encontrei uma cama de bronzeamento por vinte e três e noventa e cinco no eBay.”

“Isso não é ruim,” Faccini disse. “Deixa eu ver.”

“É melhor você adicionar dois zeros”, disse Monica.

“Ah.”

“Problemas monumentais,” disse Senhorita Valencia, “e não são sonhos de adolescentes.”

“Pensei que você tivesse dito maiores problemas?” Faccini disse.

O telefone da senhorita Valencia vibrou.

Ela olhou para o telefone. O que é preciso para você colocar na sua cabeça gorda, Jasper? Ela clicou em algo no telefone. Nós terminamos, terminamos, acabado.

“Aquecimento global,” disse Betty Contradiaz.

A senhorita Valencia olhou para cima, de seu telefone. “E o que tem isso?”

“Existem mais de sessenta e cinco milhões de refugiados,” disse Waboose.

“Sim,” disse a professora, “e por que eles são refugiados?”

“Eu tenho uma solução para o problema dos refugiados,” disse Faccini.

“O que seria?” Valencia perguntou.

“Envie a eles bagagem para que eles possam dar o fora dali.”

Isso gerou algumas risadas.

Adora bateu na testa e foi até a janela. Ela tentou abri-la, mas estava fortemente emperrada. Ela bateu com o calcanhar da mão, mas ainda não se moveu.

Waboose se levantou e foi até a janela. Ele olhou para senhorita Valencia, então levantou a trava e abriu a janela com um dedo.

Adora pigarreou. “Obrigada.” Ela respirou fundo, depois tossiu quando Waboose voltou para sua mesa para uma salva de palmas. Ela olhou para ver se elas eram altas o suficiente para ela cometer suicídio.

Não com uma queda de três pés nas begônias.

Ela viu um grupo de robins pousar na grama para devastar o mundo dos insetos.

Ah, a vida simples. Basta voar o dia todo e comer insetos.

Ela andou de volta para o outro lado. “Okay, quem disse ‘aquecimento global?’”

Os alunos se entreolharam. Alguns balançaram a cabeça. Outros pareciam confusos com a pergunta.

Monica apontou para Betty Contradiaz. “Ela perguntou.”

“Não, eu não perguntei.”

“Sim, Betty, você perguntou,” disse a professora. “E o aquecimento global?”

Betty clicou febrilmente no celular.

“Não é bom,” Monica disse em um sussurro alto direcionado a Betty.

“Não é bom,” disse Betty.

“E por quê?” Adora olhou ao redor da sala. “Alguém?”

“Acho que poderia ser uma coisa boa,” disse Waboose.

“Por quê?”

“Sem mais invernos.”

“Sim,” disse Faccini. “Eu gosto disso.”

“Tudo bem,” disse a professora. “Se ficar tão quente aqui que temos verão perpétuo, o que acontece com as pessoas no equador?”

“Vai ser quente como o diabo,” disse Monica.

“Eles não poderão morar lá?” Waboose perguntou.

“Exatamente,” disse a professora.

“É melhor que esses refugiados mandem suas bagagens para os equatorianos.”

“Fofo, Sr. Faccini,” disse Adora. “Mas agora temos outros cinquenta milhões de refugiados.”

“Por que simplesmente não paramos o aquecimento global?” Betty perguntou.

“Boa pergunta, senhorita Contradiaz. Alguém tem uma solução para isso?”

Ninguém deu uma resposta, mas alguns balançaram a cabeça.

“Aqui está outro monumental,” disse Monica.

“O que foi?” a professora perguntou.

“O nível do mar vai subir de cinco a cinco centímetros até 2050,” ela leu em seu telefone.

“É quando você será promovida a gerente do McDonalds,” disse Waboose.

“Pff, se ela conseguir entrar no McDonalds,” disse Faccini. “Eles têm padrões, você sabe.”

“De volta ao curso, pessoal,” disse Adora. “Temos aquecimento global, aumento do nível do mar e dezenas de milhões de refugiados.”

“Sim,” disse Waboose, “e isso é apenas na nossa fronteira do Sul.”

“E aqueles canadenses fedorentos?” Betty disse. “Eles poderiam nos invadir a qualquer momento.”

“O Canadá vai nos invadir, hein?” Faccini perguntou. “Sério, Contradiaz, posso ver por que você estará no ensino médio até que a água do mar chegue até os seus tornozelos.”

“Toda vez,” senhorita Valencia jogou o telefone na mesa, “começamos a discutir um problema real, alguém tem que começar com as piadas. Algum de vocês já falou sério?”

Várias mãos se levantaram.

“Sim, Monica.”

“Fico bastante séria na prática de líderes de torcida.”

“E eu fico bastante sério quando assisto ao treino das líderes de torcida.”

A senhorita Valencia pegou o telefone, pegou a bolsa e foi até a porta. Ela se virou para encarar sua classe. Com um suspiro profundo, ela disse, “Vocês estão sozinhos.” Ela pegou a maçaneta da porta. “Vou dar o fora daqui!”

A porta bateu atrás dela, deixando a sala em silêncio.

Cinco minutos depois, ela estava sentada em um banco duro do lado de fora do escritório do diretor.